Divergente
Por Veronica Roth
Publicado em 2012 (no Brasil)
Editora Rocco
504 p
Divergente representa bem a categoria de livros a que representa. Publicado nos Estados Unidos, em 25 de abril de 2011, conta a história de uma Chicago futura, onde as pessoas se cansaram da existência das guerras e do "mal". A sociedade se dividiu, então, em cinco facções para cultivar virtudes, como forma de evitar problemas. São elas: a Abnegação, que acha que o perigo está no egoísmo; a Amizade, culpa a maldade; a Audácia, que acusa a covardia; a Franqueza, que vê na mentira o problema; e Erudição, que vê a fonte do mal na ignorância.
Essas facções têm suas próprias regras de conduta e até de vestuário. Têm suas próprias características e tudo é levado ao extremo. Não há uma moderação, algo como um meio termo. Enquanto os membros da Abnegação só podem se olhar no espelho uma vez a cada três meses, no dia do corte de cabelo programado, como forma de evitar a vaidade, os membros da Erudição são extremamente orgulhosos de si e de seu conhecimento. E na Franqueza, deve-se dizer toda e qualquer verdade.
As crianças, até seus 16 anos, frequentam a mesma escola, mas cada uma é criada aos moldes da facção em que nasceu (obviamente, é a facção dos pais e o casamento interfacção é impossível). Num determinado dia, tendo seus 16 anos, as crianças fazem um Teste de aptidão, e, numa cerimônia, no dia seguinte, elas escolhem a facção a que se filiarão. Elas têm o direito de entrar em qualquer facção, de acordo com suas aptidões e com o que acredita. Mas, uma vez que trocam de facção, perdem o contato e o relacionamento com suas famílias e, então, devem criar laços nas suas novas casas. Mas nada é tão simples, já que os jovens terão que enfrentar provas para mostrar que são verdadeiros representantes das qualidades que acreditam.
Beatrice (Tris) Pior é a protagonista e vive na Abnegação, mas não se sente altruísta o suficiente para seguir vivendo por lá. E tem medo de não se encaixar. Nervosa, ela faz seu teste de apitidão, que dá um resultado surpreendente. E, então, a escolha vai ser de sua total responsabilidade. E o caminho para se provar não vai ser fácil.
O primeiro livro conta essa escolha e o caminho que Tris percorre pra se provar digna da facção que escolheu, em meio ao medo e dúvidas ainda relacionadas ao seu teste de apitidão. Há um romance moderado, com nosso típico herói Quatro. Mas algo ainda maior acontece ao redor, algo que pode mudar o mundo como Tris conhece - e ela vai lutar para que essa mudança seja pra melhor.
Este é o primeiro livro da triologia de Veronica Roth, o segundo, Insurgent, foi lançado em 1º de maio de 2012, nos EUA e a Rocco prometeu para logo a divulgação da data de lançamento aqui no Brasil. O terceiro livro ainda não tem nome e tem previsão de lançamento pra outubro desse ano, nos EUA. Os ansiosos que se cuidem!
E o que a Lívia acha? Bom, as comparações com Jogos Vozares são inegáveis. São crianças num mundo futuro, postas a prova e lidando com muitas diferenças. Particularmente, preferi Jogos Vorazes, mas não acho Divergente nada menos que muito bom. A trama, embora óbvia em alguns pontos, te prende e eu fiz a leitura quase de uma vez. Não comprei o livro, li de um ebook traduzido por um grupo da internet, o Grupo Shadows Secrets e é como eu pretendo ler o segundo. Você quer saber mais como vai acontecer do que o que vai acontecer na história, mas é realmente muito bom. O Quatro é realmente um típico herói. E, apesar de forte e inteligente, Tris tem seus momentos de menininha fraca, indefesa e meio perdida. Não entende coisas óbvias, mas não é nada que me fez, como leitora, querer socá-la. A questão das facções fala um pouco das deturpações de ideais políticos, de como as ideias originais se perdem e o regime acaba meio opressor. É um tema sério, quero ler até o fim para ver o andamento que a autora vai dar, porém Roth já ganhou meu voto de confiança com a ideia de divergência. É uma noção que precisa ser dada aos jovens, de que a filiação a algo pode ser opressora, e a identificação (e eu não consigo não lembrar das minhas aulas sobre pacto de leitura) é grande. É realmente um livro muito bom! Recomendo!
Uma nota de agradecimento à Ieska, que me indicou o livro. E gente que indica boas leituras merece sempre amor.