domingo, março 24

Impressões sobre Insurgente, de Veronica Roth

Terminei hoje, agora pouco, Insurgente, o segundo livro da série Divergente, cuja resenha está logo abaixo. Pelo segundo fim de semana consecutivo, Veronica Roth me deixou na cama, lendo desesperadamente uma tradução livre do seu livro (versão por Grupo Shadows Secrets, há, lembrei de pôr o nome!). Segundo fim de semana que eu esqueço tudo da faculdade, e me dedico à leitura, de algo não obrigatório, do jeito que só eu sei como me faz bem. É, realmente uma experiência incrível.

Agora, sobre o livro... O segundo é melhor que o primeiro. Se antes parecia muito focado na Tris, com alguns momentos em que eu vi algo de menininha boba e apaixonada, agora isso quase não existe. Tris assumiu sua força, sua capacidade de raciocínio, sem deixar de lado seu amor por Quatro, que surge mais misterioso nesse livro. Aliás, misterioso parece o clima do livro todo. São várias coisas acontecendo ao mesmo tempo no mundo do livro e o leitor tem que manter o foco e prestar atenção nos diferentes possibilidades que aparecem. Uma coisa muito legal é que a trama é mais espalhada, conhecemos outras facções, seus espaços, seus rituais, seus hábitos. É realmente interessante, mostra preocupação da autora em criar um mundo completo e real, com sentido e cheio de informações. A ação é mais complexa, mais pensada. A mesma coisa coisa pros sentimentos de Tris, ela se torna alguém muito mais complexa. Ler Insurgente me fez querer muito ler o terceiro livro (ainda sem nome, até onde eu sei), porque as expectativas aumentaram. Aguardarei ansiosamente outubro (outubro!) desse ano e as primeiras traduções online. Realmente gostei do livro, e estou esperando um final espetacular. E, vai, acho que já está empatando com Jogos Vorazes...

Fica pra qualquer dia dessa semana a resenha de Insurgent, creio eu. 

sexta-feira, março 22

Resenha: Divergente, de Veronica Roth

Divergente

Por Veronica Roth
Publicado em 2012 (no Brasil)
Editora Rocco
504 p

Divergente representa bem a categoria de livros a que representa. Publicado nos Estados Unidos, em 25 de abril de 2011, conta a história de uma Chicago futura, onde as pessoas se cansaram da existência das guerras e do "mal". A sociedade se dividiu, então, em cinco facções para cultivar virtudes, como forma de evitar problemas. São elas: a Abnegação, que acha que o perigo está no egoísmo; a Amizade, culpa a maldade; a Audácia, que acusa a covardia; a Franqueza, que vê na mentira o problema; e Erudição, que vê a fonte do mal na ignorância.

Essas facções têm suas próprias regras de conduta e até de vestuário. Têm suas próprias características e tudo é levado ao extremo. Não há uma moderação, algo como um meio termo. Enquanto os membros da Abnegação só podem se olhar no espelho uma vez a cada três meses, no dia do corte de cabelo programado, como forma de evitar a vaidade, os membros da Erudição são extremamente orgulhosos de si e de seu conhecimento. E na Franqueza, deve-se dizer toda e qualquer verdade.

As crianças, até seus 16 anos, frequentam a mesma escola, mas cada uma é criada aos moldes da facção em que nasceu (obviamente, é a facção dos pais e o casamento interfacção é impossível). Num determinado dia, tendo seus 16 anos, as crianças fazem um Teste de aptidão, e, numa cerimônia, no dia seguinte, elas escolhem a facção a que se filiarão. Elas têm o direito de entrar em qualquer facção, de acordo com suas aptidões e com o que acredita. Mas, uma vez que trocam de facção, perdem o contato e o relacionamento com suas famílias e, então, devem criar laços nas suas novas casas. Mas nada é tão simples, já que os jovens terão que enfrentar provas para mostrar que são verdadeiros representantes das qualidades que acreditam.

Beatrice (Tris) Pior é a protagonista e vive na Abnegação, mas não se sente altruísta o suficiente para seguir vivendo por lá. E tem medo de não se encaixar. Nervosa, ela faz seu teste de apitidão, que dá um resultado surpreendente. E, então, a escolha vai ser de sua total responsabilidade. E o caminho para se provar não vai ser fácil.

O primeiro livro conta essa escolha e o caminho que Tris percorre pra se provar digna da facção que escolheu, em meio ao medo e dúvidas ainda relacionadas ao seu teste de apitidão. Há um romance moderado, com nosso típico herói Quatro. Mas algo ainda maior acontece ao redor, algo que pode mudar o mundo como Tris conhece - e ela vai lutar para que essa mudança seja pra melhor.


Este é o primeiro livro da triologia de Veronica Roth, o segundo, Insurgent, foi lançado em 1º de maio de 2012, nos EUA e a Rocco prometeu para logo a divulgação da data de lançamento aqui no Brasil. O terceiro livro ainda não tem nome e tem previsão de lançamento pra outubro desse ano, nos EUA. Os ansiosos que se cuidem!



E o que a Lívia acha? Bom, as comparações com Jogos Vozares são inegáveis. São crianças num mundo futuro, postas a prova e lidando com muitas diferenças. Particularmente, preferi Jogos Vorazes, mas não acho Divergente nada menos que muito bom. A trama, embora óbvia em alguns pontos, te prende e eu fiz a leitura quase de uma vez. Não comprei o livro, li de um ebook traduzido por um grupo da internet, o Grupo Shadows Secrets e é como eu pretendo ler o segundo. Você quer saber mais como vai acontecer do que o que vai acontecer na história, mas é realmente muito bom. O Quatro é realmente um típico herói. E, apesar de forte e inteligente, Tris tem seus momentos de menininha fraca, indefesa e meio perdida. Não entende coisas óbvias, mas não é nada que me fez, como leitora, querer socá-la. A questão das facções fala um pouco das deturpações de ideais políticos, de como as ideias originais se perdem e o regime acaba meio opressor. É um tema sério, quero ler até o fim para ver o andamento que a autora vai dar, porém Roth já ganhou meu voto de confiança com a ideia de divergência. É uma noção que precisa ser dada aos jovens, de que a filiação a algo pode ser opressora, e a identificação (e eu não consigo não lembrar das minhas aulas sobre pacto de leitura) é grande. É realmente um livro muito bom! Recomendo! 
Uma nota de agradecimento à Ieska, que me indicou o livro. E gente que indica boas leituras merece sempre amor.


sexta-feira, março 15

Dia com cara de sofá

Tem dias que a gente acorda e pula da cama. Não, mentira, eu quase nunca pulo da cama, porque antes das 6h da manhã isso não é possível. Mas, enfim, tem dias que você acorda e consegue começar numa boa, pegar no ritmo, ir fazendo as coisas. E aí, um pouco mais tarde, umas nove da manhã, - um outro horário mais apropriado pra felicidade humana, creio eu - você está parecendo gente.

Mas, sinceramente, hoje não dá. O dia cinza, o sono acumulado, a preguiça, o friozinho que chegou de noite e fez a cama muito mais confortável, a cara de chuva... Hoje é um dia pra sofá. A vontade de se enrolar num edredom e enrolar o dia, até ele acabar. É... Um sofá, um cobertor, um bom filme ou um bom livro, uma bebida quente ou uma comida gostosa. O dia de hoje tem cara de Sessão da Tarde e se apelidou de Preguiça, muito prazer.




A foto ilustra bem o clima de preguiça na USP, ai, ai. 


A questão é que a vida agora é mais sobre superar a preguiça que curti-la, que triste é crescer.

quarta-feira, março 13

Absurdos.

(Absurdo é uma palavra que sempre gostei muito, e talvez seja uma pena usá-la nesse texto, gastar esse título tão lindo pra essa situação tão precária.)

 São Paulo é uma cidade de absurdos: em preço, em tempo, em trânsito, em quantidade, em ideias, em pessoas. Mas há absurdos que a gente não é obrigado a lidar, não.

Vamos lá. Dirigir embrigado é um absurdo e uma realidade. Atropelar alguém e não parar para socorrer é um absurdo e acontece, sim. Mas eu quase não consigo acreditar no fim dessa história (melhor, no desenrolar dessa história, já que cada dia é um absurdo novo). O indivíduo (que-não-posso-afirmar-mas-estava-sim) embriagado, voltando de um bar ou algo semelhante, atropela um ciclista às 5h30, que estava a caminho do trabalho, não para pra prestar socorro, e aí acha o braço amputado no banco de trás e, então, joga esse braço no córrego, impedindo qualquer tentativa de reimplante.

Então, hoje, chega a mim, este link, com a informação que "o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou sinais de embriaguez no motorista do veículo, mas concluiu que Alex não estava embriagado. A Polícia Civil disse que irá questionar a conclusão do laudo."

De repente, a coisa parece uma grande piada pra mim, fico imaginando se não pode ser uma campanha publicitária dessas loucas que existem por aí, porque, sério... Não posso acreditar. Na comanda do bar, estavam marcados três doses de vodcas e um energético, o amigo que prestou depoimento disse que ele tomou "três ou quatro cervejas". Ele estava ziguezagueando a caminho de casa depois de passar a noite na rua. Mas o laudo do IML, feito quase seis horas após o acidente, apesar de ver sinais de embriaguez conclui que ele não estava...

Até quando teremos que lidar com, além dos absurdos situacionais, os absurdos da justiça estúpida que não vê coisas óbvias e os absurdos da impunidade? O exame clínico provou que ele tinha bebido, mas não atestaram embriaguez. Com a Lei Seca UltraMegaPlusAdvance aí, a pessoa faz tudo isso e seu advogado afirma que ele é um bom moço, sem antecedentes e que pode responder em liberdade, que ele estava em estado de choque, não bêbado, e ainda que ele fugiu por medo da reação das pessoas. Diz também que a família do motorista está assustada, porque quem acompanha o caso está exagerando...  

E já começam a falar que a ciclofaixa não estava ativa ainda (mesmo que os cones já estivessem lá, postos) e que o ciclista estava na contramão...

- Absurdo! - sou eu a cada nova leitura.