sexta-feira, março 22

Resenha: Divergente, de Veronica Roth

Divergente

Por Veronica Roth
Publicado em 2012 (no Brasil)
Editora Rocco
504 p

Divergente representa bem a categoria de livros a que representa. Publicado nos Estados Unidos, em 25 de abril de 2011, conta a história de uma Chicago futura, onde as pessoas se cansaram da existência das guerras e do "mal". A sociedade se dividiu, então, em cinco facções para cultivar virtudes, como forma de evitar problemas. São elas: a Abnegação, que acha que o perigo está no egoísmo; a Amizade, culpa a maldade; a Audácia, que acusa a covardia; a Franqueza, que vê na mentira o problema; e Erudição, que vê a fonte do mal na ignorância.

Essas facções têm suas próprias regras de conduta e até de vestuário. Têm suas próprias características e tudo é levado ao extremo. Não há uma moderação, algo como um meio termo. Enquanto os membros da Abnegação só podem se olhar no espelho uma vez a cada três meses, no dia do corte de cabelo programado, como forma de evitar a vaidade, os membros da Erudição são extremamente orgulhosos de si e de seu conhecimento. E na Franqueza, deve-se dizer toda e qualquer verdade.

As crianças, até seus 16 anos, frequentam a mesma escola, mas cada uma é criada aos moldes da facção em que nasceu (obviamente, é a facção dos pais e o casamento interfacção é impossível). Num determinado dia, tendo seus 16 anos, as crianças fazem um Teste de aptidão, e, numa cerimônia, no dia seguinte, elas escolhem a facção a que se filiarão. Elas têm o direito de entrar em qualquer facção, de acordo com suas aptidões e com o que acredita. Mas, uma vez que trocam de facção, perdem o contato e o relacionamento com suas famílias e, então, devem criar laços nas suas novas casas. Mas nada é tão simples, já que os jovens terão que enfrentar provas para mostrar que são verdadeiros representantes das qualidades que acreditam.

Beatrice (Tris) Pior é a protagonista e vive na Abnegação, mas não se sente altruísta o suficiente para seguir vivendo por lá. E tem medo de não se encaixar. Nervosa, ela faz seu teste de apitidão, que dá um resultado surpreendente. E, então, a escolha vai ser de sua total responsabilidade. E o caminho para se provar não vai ser fácil.

O primeiro livro conta essa escolha e o caminho que Tris percorre pra se provar digna da facção que escolheu, em meio ao medo e dúvidas ainda relacionadas ao seu teste de apitidão. Há um romance moderado, com nosso típico herói Quatro. Mas algo ainda maior acontece ao redor, algo que pode mudar o mundo como Tris conhece - e ela vai lutar para que essa mudança seja pra melhor.


Este é o primeiro livro da triologia de Veronica Roth, o segundo, Insurgent, foi lançado em 1º de maio de 2012, nos EUA e a Rocco prometeu para logo a divulgação da data de lançamento aqui no Brasil. O terceiro livro ainda não tem nome e tem previsão de lançamento pra outubro desse ano, nos EUA. Os ansiosos que se cuidem!



E o que a Lívia acha? Bom, as comparações com Jogos Vozares são inegáveis. São crianças num mundo futuro, postas a prova e lidando com muitas diferenças. Particularmente, preferi Jogos Vorazes, mas não acho Divergente nada menos que muito bom. A trama, embora óbvia em alguns pontos, te prende e eu fiz a leitura quase de uma vez. Não comprei o livro, li de um ebook traduzido por um grupo da internet, o Grupo Shadows Secrets e é como eu pretendo ler o segundo. Você quer saber mais como vai acontecer do que o que vai acontecer na história, mas é realmente muito bom. O Quatro é realmente um típico herói. E, apesar de forte e inteligente, Tris tem seus momentos de menininha fraca, indefesa e meio perdida. Não entende coisas óbvias, mas não é nada que me fez, como leitora, querer socá-la. A questão das facções fala um pouco das deturpações de ideais políticos, de como as ideias originais se perdem e o regime acaba meio opressor. É um tema sério, quero ler até o fim para ver o andamento que a autora vai dar, porém Roth já ganhou meu voto de confiança com a ideia de divergência. É uma noção que precisa ser dada aos jovens, de que a filiação a algo pode ser opressora, e a identificação (e eu não consigo não lembrar das minhas aulas sobre pacto de leitura) é grande. É realmente um livro muito bom! Recomendo! 
Uma nota de agradecimento à Ieska, que me indicou o livro. E gente que indica boas leituras merece sempre amor.


2 comentários:

  1. Já entendi que Jogos Vorazes se tornou uma leitura obrigatória pra mim, okay, okay. Eu vou providenciar isso.
    Concordei com o que você disse, os pontos óbvios, o heroísmo do Four, etc, etc. Eu consegui relevar porque são essas obviedades que vão atrair a massa, e isso é algo que me deixa contente. Finalmente as pessoas vão consumir uma literatura decente, isso não acontecia desde a febre Senhor dos Anéis e Harry Potter - presumindo aqui que Divergente realmente o potencial de atingir, se não a mesma, uma quantidade semelhante de público.
    As fraquezas da Tris me incomodavam um pouco, mas talvez exatamente por enxergá-las em mim (a gente se incomoda com os próprios defeitos), mas nada que me desse vontade de socá-la, realmente. Eu li a saga Crepúsculo toda, então nenhuma outra personagem é tão insuportável e sonsa e nenhum herói é tão boring. Por isso o casal me agrada muito, inclusive.
    O livro é fantástico, eu tenho certeza que não vou me esquecer dele. É o meu favorito por um tempo (porque HP nunca pode entrar nesses rankings mundanos) e foi um prazer indicá-lo a você :)

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    1. Jogos Vorazes é uma leitura mais que indicada. É realmente muito bom. O heroísmo do Quatro não chegou a me irritar, na verdade. Ele consegue ser herói sem ser extrapolado e insano, o que é quase surpreendente. Mas achei a Tris um pouco descompassada, e em alguns momentos fazia muito a mocinha boba que não percebe o que realmente acontece ao redor dela. Não é insuportável, não te faz odiá-la, não te faz querer socá-la, acaba dando um ponto de fraqueza, a menina apaixonada... Não chega a ser ruim, mas poderia ser menos bobo. O casal me agrada, acho impossível não torcer por eles. E eu adorei ter lido.
      Mas acho que depois de HP, teve Percy Jackson que foi incrível e depois Jogos Vorazes, que foi absurdamente muito wow. Restam ainda dois livros. Resta saber se recupera (:

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