quarta-feira, março 13

Absurdos.

(Absurdo é uma palavra que sempre gostei muito, e talvez seja uma pena usá-la nesse texto, gastar esse título tão lindo pra essa situação tão precária.)

 São Paulo é uma cidade de absurdos: em preço, em tempo, em trânsito, em quantidade, em ideias, em pessoas. Mas há absurdos que a gente não é obrigado a lidar, não.

Vamos lá. Dirigir embrigado é um absurdo e uma realidade. Atropelar alguém e não parar para socorrer é um absurdo e acontece, sim. Mas eu quase não consigo acreditar no fim dessa história (melhor, no desenrolar dessa história, já que cada dia é um absurdo novo). O indivíduo (que-não-posso-afirmar-mas-estava-sim) embriagado, voltando de um bar ou algo semelhante, atropela um ciclista às 5h30, que estava a caminho do trabalho, não para pra prestar socorro, e aí acha o braço amputado no banco de trás e, então, joga esse braço no córrego, impedindo qualquer tentativa de reimplante.

Então, hoje, chega a mim, este link, com a informação que "o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou sinais de embriaguez no motorista do veículo, mas concluiu que Alex não estava embriagado. A Polícia Civil disse que irá questionar a conclusão do laudo."

De repente, a coisa parece uma grande piada pra mim, fico imaginando se não pode ser uma campanha publicitária dessas loucas que existem por aí, porque, sério... Não posso acreditar. Na comanda do bar, estavam marcados três doses de vodcas e um energético, o amigo que prestou depoimento disse que ele tomou "três ou quatro cervejas". Ele estava ziguezagueando a caminho de casa depois de passar a noite na rua. Mas o laudo do IML, feito quase seis horas após o acidente, apesar de ver sinais de embriaguez conclui que ele não estava...

Até quando teremos que lidar com, além dos absurdos situacionais, os absurdos da justiça estúpida que não vê coisas óbvias e os absurdos da impunidade? O exame clínico provou que ele tinha bebido, mas não atestaram embriaguez. Com a Lei Seca UltraMegaPlusAdvance aí, a pessoa faz tudo isso e seu advogado afirma que ele é um bom moço, sem antecedentes e que pode responder em liberdade, que ele estava em estado de choque, não bêbado, e ainda que ele fugiu por medo da reação das pessoas. Diz também que a família do motorista está assustada, porque quem acompanha o caso está exagerando...  

E já começam a falar que a ciclofaixa não estava ativa ainda (mesmo que os cones já estivessem lá, postos) e que o ciclista estava na contramão...

- Absurdo! - sou eu a cada nova leitura.


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