segunda-feira, abril 15

Desermionizando

Faz um tempo já que as comparações com a Hermione começaram a surgir ao meu redor - totalmente injustas, ao meu ver. Acho injustas, sim, porque nunca estudei tanto quanto a personagem (alguém já estudou?), nunca me importei tanto assim. E, embora adore muito bibliotecas, jamais trocaria por, sei lá, Quadribol. E, definitivamente, não saio querendo estudar tudo, saber tudo, adiantando matérias e, não, nunca sei todas as respostas.

Enfim, quem me dera ser Hermione.

Mas o fato é que, principalmente depois de entrar na faculdade, estudar se tornou uma grande coisa pra mim. Uma grande coisa pra mim. Tão grande que eu me assustei quando percebi que era okay passar uns dias de cama me recuperando de um fim de semestre exaustivo ou ir parar no hospital com dores depois de noites em claro fazendo os trabalhos. Não, eu não chegava ao clássico "poderíamos ter morrido, ou pior, ter sido expulsos". Mas me incomodava profundamente a ideia de não conseguir terminar aquelas matérias.

Olho ao meu redor e não me acho tão louca assim, talvez uma louca numa terra de loucos, no máximo. As semanas para o fim diminuem proporcionalmente as horas de sono e todos realmente se desdobram pra conseguir fazer tudo e, no final... Conseguem.

E, sabendo disso, qual foi a minha surpresa quando eu percebi que não, não, eu não conseguiria. Não conseguiria. Porque não havia meios de fazer tudo. Não importasse quanto café, guaraná em pó, energéticos e quantas horas eu passasse acordada, me acabando, eu não conseguiria.

Lidar com a iminência do fracasso, por vezes, é mais difícil que fracassar. Porque, sem o baque, a tristeza e a desilusão, a iminência do fracasso é ainda mais cruel, é consciente, é dolorida. E é um difícil processo de aceitação.

Com muita dor, aceitei. E com não menos dor, desisti. E desistir pode doer. 

O processo todo me mostrou que o desejo de ser como ela me transportava cada vez mais perto da tal personagem, mas a conclusão me afastou um pouco. Ponderei, pensei. E fiz. Não, a vida não é só estudar. Há vida além da acadêmica. E não, não tem problemas nisso.

É, Mione, Ron estava certo, temos que rever prioridades. De vez em quando, pelo menos.

¹Um beijo pra língua portuguesa que me permite construções como esse título. Embora tenha cogitado Des-Hermionizando, preferi o atual, tornar o significado mais trabalhado. Enfim, um beijo muitomuito carinhoso.  


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